Durante a entrega de novos equipamentos para a Polícia Militar, realizada na manhã desta terça-feira (19) no Batalhão Especializado de Policiamento de Eventos, em Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues criticou duramente o ex-prefeito ACM Neto e o atual prefeito de Salvador, Bruno Reis. Jerônimo chamou os dois de “covardes” por não se pronunciarem a respeito da Operação Overclean, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 10.
A operação investiga um esquema de fraudes em licitações e desvios de recursos públicos envolvendo prefeituras de vários estados. Um dos principais alvos é o empresário baiano Marcos Moura, conhecido como “Rei do Lixo”, proprietário da MM Limpeza Urbana. Moura, que ocupava posição estratégica durante a gestão de ACM Neto em Salvador, é apontado pela investigação como líder do esquema, que superfaturava contratos de obras e serviços de limpeza pública.
ACM Neto citado nas investigações
De acordo com interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal, ACM Neto teria sido identificado como o “amigo” citado em conversas entre Moura e outros envolvidos no esquema. Nos diálogos, Moura teria mencionado a influência de Neto para resolver pendências relacionadas ao pagamento de contratos da empresa Larclean, também investigada.
A investigação revelou que Moura orientou o então secretário municipal Thiago Dantas a priorizar o pagamento à Larclean, mesmo em detrimento de outras despesas da secretaria. “Fica claro no diálogo captado a liderança de Marcos Moura como aquele que viabiliza o acesso ao secretário, assim como reforça a cobrança pelo pagamento”, aponta o relatório da Polícia Federal.
Declaração do governador
Jerônimo Rodrigues afirmou que o silêncio de ACM Neto e Bruno Reis sobre as acusações é inaceitável. “Eles são covardes por não se posicionarem. Estamos falando de um esquema grave de desvio de dinheiro público, que afeta diretamente a vida das pessoas. Quem não deve, não teme e deveria vir a público esclarecer”, declarou o governador.
Repercussão
Até o momento, nem ACM Neto nem Bruno Reis emitiram notas oficiais ou declarações públicas sobre as acusações ou a operação. O silêncio tem gerado críticas tanto da oposição quanto de aliados, aumentando a pressão para um posicionamento.
A Operação Overclean já resultou na prisão preventiva de 17 pessoas e segue em andamento com desdobramentos esperados nos próximos dias.