Criança é vítima de intolerância religiosa em escola municipal de Vitória da Conquista
- Da Redação
- há 2 dias
- 2 min de leitura
Mais um caso de intolerância religiosa foi registrado em Vitória da Conquista, desta vez envolvendo uma criança de 8 anos na extensão da Escola Municipal Professora Helena Cristalina Ferreira, localizada na Urbis VI. O aluno, praticante de religião de matriz africana, foi vítima de bullying por parte de colegas e sofreu agressões verbais vindas da equipe pedagógica da escola, segundo a denúncia.
De acordo com relatos, a coordenadora da unidade teria chamado o aluno de “macumbeiro” e dito que “a religião dele machuca e mata pessoas”. A mãe da criança só tomou conhecimento do que vinha ocorrendo depois que o filho, em sofrimento, buscou apoio em sua fé religiosa, o que provocou uma manifestação da escola.
“É inaceitável que a escola tenha ignorado as reclamações anteriores e não tenha tomado ações para proteger meu filho. Essa situação não apenas agrava o sofrimento dele, mas também demonstra uma falta de compromisso com a segurança e o bem-estar dos alunos”, afirmou a mãe.
Ela também destacou a importância de um posicionamento firme da escola e da sociedade:
“Esse tipo de intolerância e violência não pode ser ignorado. É vital que a comunidade escolar se mobilize para erradicar qualquer forma de discriminação e garantir um ambiente acolhedor para todos. Espero que essa denúncia leve a uma reflexão profunda e a ações concretas para proteger e apoiar os alunos.”
A Comissão de Combate à Intolerância Religiosa da OAB de Vitória da Conquista foi acionada e está acompanhando o caso. Segundo a Comissão, nesta segunda-feira, 2 de junho, à tarde, o diretor da unidade escolar se reuniu com a equipe pedagógica, a mãe da criança e representantes da OAB. Durante o encontro, foi firmado um acordo para a realização de um projeto de extensão na escola, com o objetivo de valorizar a cultura afro-brasileira e dos povos originários, além de estimular a tolerância, o acolhimento e restaurar a autoestima da criança. A ação também visa prevenir novos casos de discriminação no ambiente escolar.
Esse não é um caso isolado no município. Em novembro de 2024, uma criança de cinco anos foi brutalmente agredida dentro de uma van escolar, após contar aos colegas que seria iniciado como Ogã em um terreiro de candomblé. O menino teve a mão perfurada por uma caneta e sofreu mordidas e chutes.
Casos como esses escancaram a realidade enfrentada por muitas crianças e adolescentes que seguem religiões afro-brasileiras: agressões físicas, exclusão social e ofensas disfarçadas de brincadeiras. Organizações da sociedade civil e representantes religiosos vêm cobrando medidas urgentes da gestão pública para garantir um ambiente escolar verdadeiramente laico, seguro e respeitoso para todas as crenças.
Nossa reportagem cobrou uma posição da Secretaria Municipal de Educação e até o momento não houve retorno.