Um policial militar é um dos três suspeitos de participação na tentativa de homicídio contra Marcelo Macêdo, 33 anos, ocorrida em Camaçari, no domingo (20). A polícia investiga se ele é o autor dos disparos contra a vítima, que segue internada no Hospital Geral de Camaçari (HGC) e sem previsão de alta médica. O PM e outros dois homens se apresentaram na 18ª Delegacia (Camaçari), foram ouvidos e liberados.
Na quarta-feira (23), a delegada Thaís Siqueira, titular da 18ª Delegacia, disse que câmeras do estabelecimento identificaram os suspeitos - as imagens estavam bem nítidas a ponto de mostrarem o momento em que Marcelo foi agredido e baleado.
Marcelo saiu de casa para encontrar com o namorado, mas o passeio terminou com ele sendo baleado quatro vezes e socorrido às pressas para o HGC. O motivo para tanta violência, segundo testemunhas, foi porque Marcelo beijou o namorado em um bar, o que deixou os três homens descontrolados.
Homofobia
Desde junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) tornou a homofobia crime. Os ministros determinaram que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito.
De acordo com a decisão da corte, "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime com pena de um a três anos, além de multa. Mas, no caso de Marcelo, soma-se também a tentativa de homicídio.
O Grupo Gay da Bahia (GGB) está acompanhando o caso. O presidente da entidade, Marcelo Cerqueira, também acredita em homofobia e cobrou punição para o crime. A instituição contabilizou 23 homicídios de LGBTs no estado este ano, mas disse que esse número é maior porque nem todos os casos chegam até o GGB.
"Espaço público é espaço de todo mundo, e um beijo não é crime. Isso não deve incomodar porque não é proibido, nem para gays nem para héteros. Um beijo não é motivo para indignação a ponto de alguém fazer isso [atirar 4 vezes] com outra pessoa. O que permitiu essa violência foi a má índole dos agressores e a vulnerabilidade social em que a comunidade vive, com essa sensação de impunidade para crimes desse tipo", afirmou.
Bruno Wendel - O CORREIO