Vaticano autoriza beatificação de Maria Milza, agricultora baiana de Itaberaba

A agricultora baiana Maria Milza dos Santos Fonseca, que viveu no município de Itaberaba, a cerca de 280 km de Salvador, teve sua causa de beatificação oficialmente autorizada pelo Vaticano. Com isso, ela passa a ser reconhecida como Serva de Deus, primeiro título concedido pela Igreja Católica no caminho rumo à santidade.

A autorização foi concedida pelo Dicastério para as Causas dos Santos, órgão do Vaticano responsável por conduzir os processos de canonização. O anúncio foi feito nesta terça-feira (15), após o recebimento da carta oficial assinada pelo cardeal Marcellus Semeraro. O pedido havia sido enviado pelo bispo Dom Estevam dos Santos Silva Filho, da Diocese de Ruy Barbosa, em agosto de 2024, e a resposta positiva chegou em fevereiro deste ano, gerando comoção entre fiéis e comunidades católicas do interior baiano.

A próxima etapa será a fase diocesana, prevista para começar no dia 15 de agosto de 2025, data que marca os 102 anos do nascimento de Maria Milza. A cerimônia será realizada na comunidade de Alagoas, onde ela viveu e deixou seu legado de fé, solidariedade e serviço aos mais pobres.

Durante essa fase, um tribunal eclesiástico vai reunir documentos, relatos e testemunhos sobre a vida e as virtudes da agricultora. A investigação também buscará comprovar possíveis milagres atribuídos à sua intercessão.

Maria Milza faleceu em 17 de dezembro de 1993, mas sua memória segue viva entre os moradores da região. Conhecida por sua vida de oração e cuidado com os necessitados, ela oferecia alimentos como farinha e beiju, cuidava de doentes, alfabetizava crianças com cartilhas religiosas e transformou sua casa em um ponto de acolhimento espiritual.

Entre os registros históricos, há uma visita de Maria Milza à Irmã Dulce, entre os dias 19 e 21 de setembro de 1990, em Salvador. A foto desse encontro reforça o laço espiritual entre duas figuras marcantes da religiosidade popular no Brasil, ambas com trajetória voltada à caridade e ao cuidado dos pobres.

Com a abertura do processo, a causa de Maria Milza seguirá as diretrizes da Igreja estabelecidas em 1983. Se a investigação comprovar virtudes heroicas e um milagre, ela poderá ser declarada Beata. Para alcançar a canonização e ser reconhecida como santa, será necessário um segundo milagre após a beatificação.

Atualmente, o túmulo de Maria Milza, na capela de Santo Antônio, é destino frequente de romarias e fiéis que relatam graças e curas atribuídas à sua intercessão.