Saiba quem é o motorista por aplicativo que usou golpe para matar jovem trans no oeste da Bahia
- Da Redação

- há 5 horas
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Sérgio Henrique Lima dos Santos, motorista por aplicativo de 19 anos, é apontado pela Polícia Civil como autor do estrangulamento que resultou na morte da jovem trans Rhianna, de 18 anos, em Luís Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia. O crime ocorreu no sábado (6). O suspeito se apresentou espontaneamente à delegacia no mesmo dia, confessou ter aplicado um “mata-leão” após uma suposta discussão e foi liberado após prestar depoimento.
Rhianna morava em Barreiras e havia iniciado sua transição há cerca de cinco meses. Ela foi encontrada morta dentro do veículo utilizado pelo motorista. Em depoimento, Sérgio afirmou que contratou a jovem para um programa e que, durante o trajeto de volta, ela teria ameaçado expor a situação. Ele relata que reagiu após acreditar que ela pegaria um objeto na bolsa. A versão é contestada por pessoas próximas.
Contestação da versão apresentada e rotina da vítima
A integrante da ONG Mães da Resistência, Melyssa Chaves, negou a associação da vítima à prostituição. Segundo ela, após contato com mulheres trans que atuam na região, nenhuma reconheceu Rhianna como profissional do sexo. Melyssa informou que a jovem trabalhava em um supermercado de Barreiras. Moradores relataram que ela e o motorista já haviam se encontrado anteriormente.
A liberação do suspeito repercutiu no município e nas redes sociais. A deputada federal Érika Hilton informou ter encaminhado denúncia ao Ministério Público Estadual contra o delegado responsável e solicitou esclarecimentos à Polícia Civil, à Secretaria de Segurança Pública da Bahia e ao Governo do Estado.
Investigação segue em andamento
A Polícia Civil afirmou que a investigação está em curso e que, por o suspeito ter se apresentado voluntariamente e confessado o crime, ele responderá em liberdade até que novas diligências sejam concluídas.
Especialistas explicam que a legislação brasileira não determina prisão automática em casos de apresentação espontânea. O advogado criminalista Eronildo Pereira de Queiroz destaca que a prisão preventiva só pode ser decretada quando há elementos como risco à investigação, ameaça a testemunhas ou falta de endereço fixo. Ele ressalta que a detenção pode ser solicitada posteriormente caso laudos e depoimentos contrariarem a versão do suspeito.
Debate sobre tratamento de casos envolvendo pessoas trans
Melyssa Chaves afirmou que o caso expõe desigualdades históricas no tratamento de crimes envolvendo pessoas trans. Ela questiona se a decisão seria semelhante caso a vítima fosse uma mulher cis ou se uma mulher trans matasse um homem em situação semelhante.
A ONG Mães da Resistência contabiliza ao menos 10 assassinatos de pessoas LGBT em Luís Eduardo Magalhães na última década. Entre os casos citados estão o de Lorena Fox, mulher trans encontrada morta em março de 2023, com traumatismo e fratura no crânio, e o de Guilherme de Souza, de 21 anos, agredido, apedrejado e queimado vivo em 2020. A entidade aponta fatores como machismo, fundamentalismo religioso e discursos extremistas como elementos que intensificam a vulnerabilidade dessa população. O Brasil lidera o ranking de mortes de pessoas LGBT há 15 anos, segundo organizações que monitoram esses dados.



